sexta-feira, 20 de maio de 2011

MAIS UM AMIGO QUE NOS DEIXA

A notícia da partida embora já aguardada de Francisco Rantzau de Souza entristeceu o nosso povo a sociedade em geral, e mui principalmente seus amigos que eram inúmeros, dentre os quais este cronista. Um homem que eu o admirava e considerava um sábio cidadão. Na roda que estivesse o papo evoluía divertido, leve e espirituoso, diante de suas excêntricas e bem-humoradas teses para encarar os problemas da vida. Esposo exemplar, pai extremoso, amigo leal e extremamente dedicado a tudo aquilo que se propunha a fazer. Russas, ele admirava e a dignificava.
É tanto que em nossa terra muito contribuiu para seu progresso, quer na criação, quer na construção das mais diferentes entidades existentes em Russas. O que me vem à mente: muito ajudou a Dr. Daltro Holanda na fundação e construção do Hospital de Russas, na Maternidade Divina Providência de Russas; criou ao lado de outros russanos a AACR, sendo um dos seus primeiros diretores; foi presidente do Lions Clube de Russas, foi Assistente do Governador do Rotary Club do Ceará e presidente do Rotary em Russas, um rotariano de 4 costados; foi professor da Escola Técnica de Comércio por vários anos, e por vários anos exerceu a função de notário público (Tabelião) do Cartório de 1º Ofício aqui na cidade. Além do mais, era desportista nato, sociável, ético e querido por todos. Vocês perceberam que citei uma pluralidade de virtudes que era possuidor, porém, a que mais chamava atenção era da caridade a certos preceitos cristãos, “a caridade é que nos leva a salvação”.
Meu padrinho, pelo seu comportamento correto e digno que sempre o norteou. Guiado pela mão de Deus, você se encontra no Reino da Paz; iluminado, feliz, onde ficará aguardando a chegada daqueles que tanto amou e tantos o amaram nessa vida; todos em cujos corações pairam a sombra de uma grande saudade.
Adeus padrinho, até por lá...

Didi Marreiro  ( Da ACEJI )

PREITO A RANTZAU

* Jurandir Pascoal

            Por volta de 10h30min do dia 14 do mês de março, recebi pelo telefone uma notícia que abalou não somente a mim e meus familiares, mas a toda sociedade russana, além, claro, da família enlutada. É que acabava de transferir-se para o plano espiritual Francisco Rantzau Souza, o conhecidíssimo Rantzau do Cartório, como era tratado de modo carinhoso pela população da cidade onde viveu e constituiu sua educada e bem-sucedida família. Rantzau foi um cidadão que honrou a profissão de serventuário da Justiça, cujos cargos de Tabelião e Escrivão do Registro Civil de Pessoas Naturais, da Comarca de Russas, exerceu com proficiência e dignidade, mostrando-se bem humorado e solícito no atendimento ao público. O cuidado com as obrigações, o zelo e a ética profissional foram o apanágio de sua luta ao longo de mais de meio século de serviço cartorário. Era correto no seu mister, sem se achar importante. Era leal aos magistrados com quem trabalhou, sem, no entanto, ser subserviente. Deixa um legado exemplar a ser continuado por seu filho, também altamente qualificado. Deixa muita saudade aos amigos e concidadãos. Nossa homenagem a esse que considero, com o perdão de seus pares, um dos mais completos servidores com quem tive a honra de trabalhar, nas diversas comarcas onde exerci a judicatura, destacando a de Russas. Nossa solidariedade na dor de sua notável companheira de luta D. Luíza e dos filhos Carlos Eugênio, Carmem Helena e Tânia. Resta o conforto de crermos que ele foi bem acolhido na nova dimensão da vida que é eterna.


* Desembargador aposentado
Ex-Presidente do Tribunal de Justiça de Roraima
Ex-Juiz de Russas

O MACUMBEIRO ROSENO




Originário do mundo fatídico das crenças ocultas, dos segredos tenebrosos, dos costumes mal-assombrados e das façanhas de arrepiar os cabelos das entidades fantásticas dos presságios, agouros, superstições e crendices, em Russas, na Vila do Chico Franco, à beira do riacho Araibu, vizinho à família dos hilariantes Cacetes, reinou um dos seres humanos mais enigmático, obscuro, estranho e esquisito de nossa terra natal. Aquela intrigante criatura ao assemelhar-se aos maquiavélicos Monges de Vicovaro, praticava sortilégio, bruxaria e venerações sinistras em busca da cura dos malditos, dos psicopatas e dos enigmas que desvendariam a hora de sua morte. Tratava-se do misterioso macumbeiro Roseno, sujeito baixinho, moreno, gorducho, que causava espanto com as suas terríveis manias diabólicas de abominar o espelho quebrado, o fogo das catacumbas e o urubu pousado no telhado, diante da certeza do azar que causava o mau-olhado, o medo das almas do outro mundo, a dureza do olhar viperino que hipnotizava os maltratados pela sorte, de influência nefasta, de anulação de energias negativas e dos sonhos de mau augúrio. Roseno, como mago, atuava pela anestesia da auto sugestão para curar a má influência, forjar as leis naturais e os mistérios sombrios da natureza humana. E sob os capuzes das sombras, refugiou-se nas tentações da solidão, do exótico e do sobrenatural, em busca da compreensão do medo e do incognoscível. Dessa forma Roseno transformou-se num dos mais poderosos macumbeiros de Russas. Criado para viver em meio a uma rigorosa educação, longe de avejões, diabais e matronas, em busca do inexplicável, com o tempo passou ouviu os insistentes conselhos do pensamento que o fez, afastá-lo do meio social e da luz dos farolins, para nos hábitos ermos e sinistros da semi escuridão, dedilhar o terço na fuga da angústia, dos transes mágicos, das ânsias cruentas, dos sinais misteriosos do acaso, num conceito de humildade, compaixão e justiça. Com o corpo-fechado Roseno cercou-se de um universo trágico de preces e de arrependimentos infernais. Com suas dúvidas, angústias e fascínios pelo talento do hinduísmo bizarro, tornou-se adepto das coisas difíceis de serem identificadas e passou a ouvir a voz dos finados, o murmúrio dos moribundos e a observar o voo da rasga-mortalha.
E um tanto endemoninhado anunciou a sorte dos seres inferiores e o azar dos que ignoravam as temerosas forças ocultas, antes que qualquer coisa acontecesse diante do mau presságio. Inebriante como satânico catecúmeno, assustadoramente recluso com os seus estranhos rituais, virou alvo profano de feitiço e especulação. Daí então, se um notívago ouvisse gargalhadas noturnas de uma coruja, se murchasse o pinhão-roxo frente a casa ou confrontasse com um sonâmbulo de olhos maléficos, consultavam o oráculo. Como nada para ele era inverossímil, absurdo ou impossível, por curar doido varrido, maníaco de suplício diabólico e pestilento designado. Antes de receber o andrajo semimorto para o restabelecimento da saúde, em absoluto silêncio e jejum, bebia vários litros de cachaça sem ficar ébrio, nem confuso, selecionava suas vítimas pisando em brasas acesas, chicoteando os peitos e as costas para purificar a alma e o ambiente e iniciava o fetiche com velas acesas nos cantos da casa e punhais cruzados atrás das portas. E num olhar de felino e gargalhadas arrepiantes de Curupira, pitava charuto, matava o bicho a dançar em meio a um canto triste a sacotear o corpo de praguejador maldito. Roseno tirou agulhas dos joelhos do Zé do Ouro, arame dos pés do João Pequeno, espinhas de peixe do pescoço do Nenô, alfinetes das mãos do Zé da Onça e pregos do ouvido do monstro Zebio. Nos casos do sem jeito, para afastar a maligna fera do corpo, através da auto sugestão, mandava os condutores do paciente botar em sua boca um ovo quentinho que a galinha, no terreiro, acabara de pôr. Daí Roseno fungava a linguagem longínqua dos mais infames a irradiar fosforescente uma luz sombria, enquanto no terreiro o galo explodia o cocoricó horripilante. Depois num sinal mágico, tirava o ovo da boca do demente e quebrava-o a exibir o que havia dentro: Cabelo, prego, parafuso, polca, vidro, arame, dente, perna de aranha, unha, agulha. E, num brado assustador, arrotava: “Pode soltar! O feitiço acabou!” Sempre havia espanto. “Esse doido é temível!” E o doido, que amarrado não parava de dar muros, mordidas, pontapé e bofetões, depois de solto, tornava-se uma criança sorridente. Mas numa sessão, tarde da noite, eis que surge diante do culto Roseno a imagem da mendiga Maria das Quengas que pronuncia: “Aceite meus pêsames!” 0 eloquente macumbeiro ficou teso ao receber aquela homenagem póstuma, nervoso, indagou: “Pêsames!” A mendiga de braços em cruz, sumiu. Roseno, sem pensar em cavilação, numa viagem fantasmagórica pelo bárbaro primitivismo dos fantasmas do além-túmulo se viu morto aos 33 anos de idade. Roseno, muito jovem ainda, diante daquela terrificante visão, aprofundou-se nos cultos fúnebres e ao acompanhar o seu féretro, misteriosamente faleceu exatamente com 33 anos de idade. Idade de Cristo. Muitos russanos, Cacete e Zé do Ouro, afirmaram que o baú dos feitiços do iluminado Roseno, cheio de ouro e prata, foi enterrado à margem do riacho Araibu, sob o cata-vento do Vicente Leite.

Escrito pelo Dr. Airton Maranhão (foto) advogado e membro da Academia Russana de Cultura e Arte (ARCA)
OLHANDO PARA O SERTÃO



                                                J. Gusmão Bastos - Jornalista (ACI e Aceji)



“DIA DAS MÃES aquece o comércio”, e semelhantes manchetes veiculadas nesta época do ano pelos meios de comunicação, óbvio é que não têm o objetivo de incentivar o amor filial, mas o de incrementar através da publicidade a compra de presentes para as homenageadas. As “chamadas” dos jornais poderiam ter outra conotação, no sentido dos filhos pedirem a benção das mamães, beijarem-se e abraçarem-se, rogando eles que perdoassem as grosserias e os maus tratos que, sinceramente arrependidos, não mais repetiriam. Joias, perfumes, vestidos, rosas e flores são bens materiais, insignificantes ante o acendrado amor materno( e paterno), mantido mesmo a duras penas.
                        MATÉRIAS, outras nos chamaram a atenção nesta primeira quinzena de maio/2011. Embora anunciado para 2014 o término das obras da transposição das águas do Rio São Francisco, já começaram os investimentos nas áreas dos vizinhos estados do Rio Grande do Norte e da Paraíba(Pernambuco e Ceará logo seguirão o “exemplo”). “Metrópoles do futuro surgem em terras sertanejas”, é o título de uma das entrevistas que bem representa a argúcia de empresários e políticos, em mui antecipadamente adquirirem terras dos pequenos agricultores a preço vil. Aos pais e mães que suaram para mantê-las, restará despedir-se “olhando a banda (o rio) passar”e a panela sem um peixe....
                        A PROPÓSITO, vem-nos à mente a greve de fome empreendida por um sacerdote que temia não fossem beneficiados os humildes proprietários situados às margens, ou nas proximidades, dos futuros canais de irrigação. Não era contrário à “obra do século”, nem ninguém de sã consciência seria, a não ser os políticos de plantão para angariar votos, uns a favor, outros contra. As ideias do religioso, incrementadas com sua manifestação de morrer sem alimentar-se, foram derrotadas. Conforme havia denunciado, comprovado ficou com “as terras sertanejas” já compradas, sendo transformadas em celeiros dos que têm o poder, e condições, de manusear nossos impostos em benefício próprio.
                        OS LEITORES que tenham saído de suas residências na véspera ou no Dia das Mães terão, como de resto em todos os dias dos anos, se deparado com mulheres grávidas a esmolar, arrodeadas de crianças ou dando-lhes de mamar; flanelinhas, e outros garotos a aperrearem  por “um real; “prostitutas” a se oferecerem em quaisquer lugares nesta “Fortaleza Bela”(?), ou já contratadas pelos turistas tratados “a pão de ló” e os fortalezenses “à tapioca”. Que reação tiveram? Imagino nenhuma...
                        RESTA-NOS, então, desejar a todas as mães não somente um dia feliz, mas todos os dias do ano e da vida, confiantes em que as mais prendadas ajudem as menos dotadas, e tenham a compreensão e o afeto de seus descendentes, a benção e a proteção de Deus, Pai de todos nós, cristãos e não cristãos.

Notícias Jaguaribanas


Por Meton Maia e Silva - Jornalista


Enquanto fomos correspondentes dos jornais da capital cearense, Correio do Ceará, Unitário e dos Diários Associados, quatros notáveis escritoras limoeirenses se destacavam: Risete Cabral Fernandes, Carmelita Setúbal (ambas já falecidas), Carmusina Monte Arrais e Julieta Faheina Chaves, mulheres de notável inteligência, foram colunistas valorosas e membros da Ala Feminina da Casa Juvenal Galeno. Poetisas cultas e cronistas de primeiro quilate representaram em alto nível a cultura cearense. Nossa homenagem neste mês de Maio, consagrado a Maria, a este sodalício o qual  sempre soube valorizar as talentosas beletristas cearenses.
Aconteceu no dia 11 de maio, às 18h30, no espaço cultural do Superior Tribunal de Justiça, o Lançamento do Livro - Execução Fiscal - Um tema atual sob diferentes olhares. A obra reúne eminentes doutrinadores de carreiras diversas, dentre eles a nova geração de Procuradores da Fazenda Nacional, advogados, juízes, ministros e professores catedráticos no assunto. Um dos escritores é o Procurador da Fazenda Nacional em Brasília, Dr. José Péricles Pereira de Sousa, filho do ilustre limoeirense  José Anchieta de Sousa e Maria de Fátima Pereira. Ao evento esteve presente representando a Colônia Limoeirense, a Sra. Glória Freitas.
Na bela tarde do dia 24 de abril estivemos no aprazível sítio na Precabura,  de propriedade do Sr. Antonio Vagner de Freitas Alencar que ascendia seus 60 anos ao lado de sua gentil esposa Enedina Salatiel Alencar de tradicional família do Cariri. Este casal é um exemplo de perfeita união, tendo no seu jardim familiar duas belas filhas, a odontológa Karla  Emília e a advogada Kamila. Esta coluna é muito curta para descrever um evento alegre e emocionante que uniu as famílias Salatiel e Freitas Alencar. O aniversariante foi alvo de manifestações carinhosas de parentes e amigos.

Na noite do dia 6 de maio, o notável escritor, em solenidade na Academia Limoeirense de Letras, José Maria Barros Pinho ex-prefeito de Fortaleza , lançou seu livro "A viúva do vestido encarnado" sucesso que honra a  cultura cearense  e a terra do Padre Valdivino Nogueira. Entre os presentes, o presidente da Academia escritor e médico Pedro Henrique Saraiva Leão, neto do saudoso prefeito de Limoeiro , Pedro Saraiva de Menezes.

O  Juiz do Trabalho, Dr. João Aurino Mendes Brito, uma das novas inteligências de Limoeiro do Norte,  foi nomeado Desembargador Federal. Mais um filho ilustre nascido na gleba jaguaribana em destaque nos meios jurídicos do país.

Noutros tempos passados viajava-se para Fortaleza, em caminhões mistos fazendo parada à noite no antigo Olho D'água do Venâncio, atualmente em franco progresso a cidade de Horizonte, hoje um grande centro industrial do Ceará. Recentemente, nesta cidade, jogaram  o time local e o famoso Flamengo do Rio. O fato se constitui inédito e curioso. Quem diria que o famoso Flamengo de Leônidas  e do Mossoroense Zequinha um dia jogaria em Horizonte?
Pensamento: A felicidade mais elevada é aquela que corrige os nossos defeitos e equilibra as nossas debilidades.Goethe
UMA CHINA DIFERENTE


Se o leitor, ao ouvir falar da China, pensa nos anos sombrios do comunismo, de pessoas infelizes e roupas cinzentas, esqueça.
A China de hoje é completamente distinta daquela de nosso imaginário, pintado pelo Ocidente com tintas muito carregadas.
Recentemente, estive por lá, ocasião em que visitei Pequim (Beijing), Xian (primeira capital da China unificada), Guilin e Shangai.
Confesso que atuei mais como viajante observador que como turista casual.
Diante do que vi, fiquei, seriamente, impressionado com o grau de desenvolvimento e organização daquele país.
A capital, Pequim, é ddade grandiosa, com 16 milhões de habitantes, número impressionante se considerarmos os 11 milhões de São Paulo. Já conta com 06 anéis viários — estando em andamento o sétimo — contornando a cidade, a fim de facilitar o trânsito. Suas avenidas são largas, com 05 faixas, em cada sentido, mais uma destinada a motos e bicicletas, margeadas por amplas calçadas e túneis, utilizados pelos pedestres que desejem cruzá-las. Os semáforos são raridade: nos cruzamentos, quando o fluxo da via principal passa por baixo, o outro vai por cima, de sorte a manter o trânsito em movimento. O tráfego flui com certa facilidade, em uma velocidade constante de 30 a 40 km/h, e, dificilmente, vêem-se congestionamentos, diversamente de nossos grandes centros urbanos. Os caminhões têm horários próprios para a sua circulação: das OOh às 05 h da manhã. Os veículos são, em sua maioria, novos. Viadutos, como obras de arte da engenharia, são protegidos de danos por estruturas metálicas que os antecedem em alguns metros, impedindo, assim, que veículos de altura superior a deles cheguem a danificá-los. A cidade é rigorosamente limpa e não há sequer vestígios de pichaçõe& No entanto, no inverno e na primavera, sofre inversões térmicas, que contribuem para acentuar a poluição do ar, além da fina poeira proveniente do deserto de Gobi, ao norte, que depois de vagar por mais de 20 países do Oriente, Europa e África, vem repousar na costa oriental do Atlântico, recebendo, em sua parte final, a denominação de Saara.
A pouca distância de Pequim, cerca de 50 km, já é possível visitar a grande muralha da China. Muitos trechos foram recuperados e contam com boa estrutura de acesso ao turista, que lá dispõe de teleférico, além de hotéis e restaurantes em suas proximidades.
Xian e Guilin não são diferentes: o progresso, o padrão de vida e a satisfação do povo são visíveis. A primeira alberga os famosos guerreiros de terracota, uma das maravilhas do mundo antigo. A segunda impressiona pela beleza natural de seu entorno, com magníficas formações rochosas, formando vales de rios navegáveis, com imensas plantações de arroz em suas margens.
Shangai, por ser o centro financeiro e de grandes negócios, tem o custo de vida ainda mais elevado. Enquanto no Brasil, o governo incentivou a aquisição de veículos, com isenção de IPI, tentando amenizar a crise econômica, sobretudo para o setor automobilístico, sem pensar nos transtornos decorrentes da falta de vias para a nova frota, com esgotamento das existentes, além do aumento da poluição, lá, a situação é inversa: o governo tenta evitar o aumento do número de veículos em circulação, elevando o valor do licenciamento dos automóveis, que chega à cifra de cinco mil euros por veículo (algo em torno de R$ 15.000,00). Também, passaram a adotar motocicletas elétricas, na tentativa de reduzir a emissão de gases na atmosfera. Os viadutos já têm três pavimentos superpostos, que facilitam o escoamento do pesado trânsito. A cidade tem os terrenos mais caros da China continental: o metro quadrado na área urbana custa uma fortuna.
A infra-estrutura chinesa turística é impecável: os habitantes têm o prazer de oferecer ao visitante o melhor do país e nos tratam com muito zelo e carinho, sempre sorrindo e dispostos a ajudar, como a dizerem ao mundo: “venham nos visitar,que estamos de braços abertos para recebê-los”.
Outro fato que me chamou a atenção foi a inexistência de camelôs, raríssimos pedintes e nenhuma criança abandonada a vagar nas ruas ou a pedir qualquer coisa. Também, andam sempre bem vestidos.
Ainda adotam a política do controle de natalidade: são permitidos aos casais, em geral, apenas um filho e, se este for mulher, um outro. Poderão, entretanto, ter outros, se o desejarem, mas, neste caso, terão de pagar uma multa equivalente a 3 a 5 vezes o salário- mínimo anual, além de serem tributados a mais no imposto de renda.
Também, só os funcionários públicos gozam da aposentadoria estatal. Os demais devem poupar para a velhice ou contar com os filhos para sustentá-los.
No tópico gastronômico, a China demonstra um requinte e diversificação incomuns: o famoso pato laqueado, as tentadoras sopas, a diversificação e excelente qualidade das massas (afinal ali surgiu o macarrão, que foi levado por Marco Polo para a Itália e, de lá, para o mundo), e os bem elaborados doces. Também produzem boa cerveja e saborosos licores. A idéia de insetos e carnes exóticas, na alimentação, está mais para o passado e o folclore turístico.
Reverenciam Mao Tsé-Tung como o grande timoneiro, que conduziu à China ao desenvolvimento: seu corpo embalsamado é reverenciado em seu mausoléu, no meio da Praça da Paz Celestial, a maior do mundo, onde é comum se ver uma enorme quantidade de visitantes, em filas quilométricas, nos finais de semana e feriados nacionais. Sua imagem está presente em todas as cédulas do país.
Os chineses estão a descobrir seu próprio país: é comum vermos ondas imensas deles, sobretudo camponeses mais idosos, muitos em trajes tradicionais, visitando outras cidades, em grupo organizado, esbanjando alegria.
Usual, também, vermos nas praças, diariamente, idosos se exercitando com música, leques e bastões, segredo da longevidade daquele povo.
Como disse, no início, são novos tempos que se revelam e fazem os olhos do mundo se voltarem para a China, um país que está, rapidamente, alçando-se como a maior economia global.
Por limério Moreira da Rocha.
A FAMÍLIA LOUREIRO
Chico Loureiro tinha uma oficina de conserto de veículos, a primeira e mais antiga de Russas, situada na Rua Cel. Araújo Lima, quase defronte ao mercado público, este construído em 1904, pelo intendente Francisco Honorato Rodrigues Lima. A segunda, era a do Mestre Irineu, na Rua Padre Raul Vieira, perto da padaria do João Rufino. Na oficina de Chico Loureiro, há mais de meio século, existia um moderno torno mecânico, uma espécie de máquina-ferramenta que confeccionava e fazia acabamento em peças de todos os tipos, os mais diversos, que para tal manuseio só mesmo profissional altamente especializado para usar aquele tipo de equipamento de precisão. Que com tamanha prática e tecnologia atraia serviço mecânico de carros de todo vale Jaguaribano. Se quebrasse uma peça, Chico Loureiro, como torneiro mecânico de civilização hodierna, e com aquela máquina de ferramenta fazia outra idêntica ou similar. Para quem sempre foi aureolado de imenso prestígio pela arte que exercia a família de Chico Loureiro com seus filhos: Juari, Jandi, João, Valmor, e a ex-vereadora e ex-primeira dama Margarida Loureiro, aqui ressalto pelo alto grau de inteligência. Muitos empreenderam o mesmo ofício com vasto conhecimento, e mais além, destaco ao célebre e genial comandante da VASP, Juari de Oliveira Loureiro, laureado piloto de avião que arvorou a glória de Russas pelos céus do mundo inteiro. E tristemente, a Heracias Bezerra e ao Mudo, filho adotivo de Chico Loureiro, que residia em uma casa na antiga Rua Siqueira Campos, que ao findar o trabalho na oficina, costumeiramente, sujos de óleo e gasolina, dirigiam-se para tomar banho naquela residência, quando ao anoitecer, lá chegando, o Mudo acendeu a lamparina e o fogo assomou de encontro aos corpos dos adolescentes, levando a óbito o Mudo e ao seu amigo Heracias, queimaduras de primeiro grau, deixando-o com moléstias respiratórias para o resto de sua vida. Como também, ao incomparável e saudosista finado Valmor, com a mais legítima conquista ao valor indescritível ao trabalho adquirido do talentoso pai. E, ainda, inesquecivelmente, a quem desafiou a curiosidade dos russanos, celebrizando-se como a fantástica figura do extraordinário João Loureiro, experiente mecânico de motocicleta que participava de corrida de rally e fazia malabarismo pelas ruas de Russas, pilotando deitado de lado que ninguém via o piloto em cima de seu motor Índia ou Ralliday. Como também com toda perícia de suas estripulias, de braços abertos ficava de pé ou de costa em cima da motocicleta que desenvolvia alta velocidade. O mais incrível e pitoresco era que guiava o motor deitado na lateral, imitando, assim como cavalgavam os índios nos selvagens cavalos mustangs. Além de mecânico Chico Loureiro era o nosso meteorologista, pois, no quintal de sua residência, montou um cata-vento de doze metros de altura e ao despertar para a sua primeira ação subia na escada para observar as nuvens, e à noite, em sua calçada, relatava às pessoas que o visitava, que em breve cairia um temporal. Apesar de poucas instruções era um gênio criativo. Inventou um avião monomotor que só fez percorrer e rodar a Praça Monsenhor João Luiz, acompanhado da garotada, como Lenine Perdigão, Walter Coe e o radialista Didi Marreiro e outros. Essa família merece louvor, tanto pelo talento como pela arte do velho Chico Loureiro, que era um bom pai de família, e excepcional exemplo de pessoa humana.

Duas datas significativas para Russas:
 
 
6 e 9 de agosto. Exatamente na ordem dos fatos, já que o primeiro governador da Capitania do Ceará, Bernardo Manuel de Vasconcelos, ordenou ao Ouvidor Manuel Leocádio Rademak que erigisse em Vila o então povoado, o que ocorreu no dia 6 de agosto de 1801. Vale destacar, que dois anos antes, o governador da Capitania de Pernambuco, ordenara a criação da Vila com o nome de São José do Bispo ou Santo Antonio do Ouvidor, o que só se efetivou posteriormente mediante ato do governador Vasconcelos, recebendo a vila a denominação de São Bernardo do Governador, modificada pelo povo para São Bernardo das Russas.
Cinqüenta e oito anos depois, no dia 9 de agosto de 1859 foi a vila elevada a condição de cidade pela Lei nº 900 com a designação de São Bernardo das Russas reparando essa anomalia de mais de meio século.
Foi através do decreto 169, de 31 de março de 1938 que passou a ser utilizado o nome de Russas.
Portanto, este mês de agosto tem um significado todo especial para nós russanos e para aqueles que escolheram nossa cidade para fixarem residência.
Nesta celebração de seus 203 anos de emancipação política, se fizermos uma reflexão chegaremos a conclusão de que Russas vem apresentando elevado índice de progresso, muito embora tenhamos a lamentar a descaracterização da cidade, através da demolição das pedras que, provavelmente, deram o nome à cidade, e de alguns prédios históricos (matriz, casarões, bangalôs, etc).
Enquanto em algumas cidades seu povo procurou manter o patrimônio histórico, aqui aconteceu exatamente o contrário.
Como não adianta chorar o leite derramado fica apenas o registro, e a esperança de que o que restou seja conservado. Diante dos fatos Russas é uma cidade sem memória!
Um patrimônio cultural que vem sendo mantido com muito sacrifício, enfrentando a incompreensão de algumas pessoas, é o Correio de Russas, que há mais de seis décadas foi fundado por Matoso Filho, e hoje registra esta data tão cara para todos nós.
Avante, pois, Russas bicentenária!
O EDITOR

Monumento em homenagem

a Manoel Matoso Filho

      Encontra-se na Praça da Prefeitura (por detrás da Matriz de Russas), o monumento em homenagem a Manoel Matoso Filho, interventor do município, na ditadura de Vargas, de 2 de dezembro de 1937 a 1945.



Fonte: Vivendo Russas
Homem é executado com tiros
na cabeça por motoqueiros
Homem é executado com tiros na cabeça por motoqueiros
Quarta feira (18/05), por volta das 13h30min no final da Vila Matoso próximo ao restaurante do Colarde, Pedro Barbosa da Rocha Filho vulgo "Pedrinho da Vila Scipião", foi alvejado a bala quando trafegava em sua moto Honda Titan, cor azul, de placa HXB 6695.

Segundo informações preliminares, dois indivíduos trafegando em uma moto seriam os autores do crime. Os tiros atingiram a cabeça da vítima e a suspeita é que o crime tenha sido motivado por vingança.
Carro desgovernado invade casa
do vice Prefeito de Palhano
Carro desgovernado invade casa do vice Prefeito de Palhano

O fato aconteceu nesta segunda feira por volta das 13h, o motorista que estava em um carro pampa, de placa HUR 6795 perdeu o controle do veículo no início da Av. Benjamin Constant, sentido Centro - Rodoviária, e bateu frontalmente no muro de uma residência, de propriedade do vice-prefeito de Palhano e Cardiologista Dr. Joaquim  Félix.
Felizmente o veículo não atingiu ninguém, e o fato trouxe apenas danos materiais.
Não se sabe o motivo ou motivos que levaram o motorista a derrubar o muro da residência.

 

A seguir:

 

Russas realiza VIII Fórum Municipal da Assistência Social

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O Conselho Municipal da Assistência Social – CMAS realizou no dia 19 de maio, no Auditório do PETI da Várzea Alegre, o VIII Fórum Municipal da Assistência Social, que teve como objetivo principal a escolha dos novos conselheiros representantes da Sociedade Civil, eleger e empossar a nova Diretoria do CMAS para o biênio 2011/2013.

Durante o evento aconteceu a leitura e aprovação do Regimento Interno do Fórum, a apresentação e discussão da Resolução nº 16, de cinco de maio de 2010, inscrição das Entidades no CMAS, mini-plenárias para eleição dos conselheiros dentro de seus segmentos, apresentação na plenária Geral dos candidatos eleitos nas mini-plenárias para composição do quadro da Sociedade Civil, eleição e posse da nova Diretoria do CMAS.

A nova Diretoria eleita e empossada ficou composta por representantes de profissionais da área da Assistência Social, Entidades não Governamentais (Sociedade Nova Esperança, APAE, Bom Samaritano e Lar Santa Clara), Usuários da Assistência Social e Entidades Governamentais (Secretaria do Trabalho e Assistência Social, Secretaria de Saúde, Secretaria da Cultura, Secretaria da Educação e Secretaria da Agricultura e Meio Ambiente).

O CMAS será presidido pela Assistente Social Margarida Martins Pimenta Gotz, que juntamente com toda a Diretoria terá a missão de comandar os destinos do Conselho durante os próximos dois anos; ela e demais integrantes da entidade foram empossados no final do Fórum pela até então presidente Rita Maria da Silva.

Mega-Sena acumula e pode pagar R$26 mi no sábado



A Mega-Sena acumulou e pode pagar R$ 26 milhões no sorteio do próximo sábado (21). Na quarta-feira (18), nenhum apostador acertou as dezenas 20 – 21 – 26 – 29 – 31 – 36 sorteadas no concurso 1.284 da Mega-Sena. O sorteio foi feito na noite de ontem em Vitória da Conquista, na Bahia.


Segundo a Caixa, responsável pelos sorteios da Mega-Sena, os 46 apostadores que acertaram cinco dos seis números têm direito a R$ 39.040,47 cada um. Os outros 3.353 apostadores que acertaram quatro dezenas poderão sacar, cada um, R$ 765,14.

Os sorteios da Mega-Sena são feitos todas as quartas-feiras e sábados, e as apostas custam a partir de R$ 2.
Segundo a Caixa Econômica Federal, as dezenas mais sorteadas na Mega-Sena são 05, 41, 33, 04, 17 e 51. Já os números que menos saem são 26, 22, 46, 09, 45 e 39.

Shaolin muda da UTI para quarto para evitar infecção, diz mulher do humorista

O humorista Shaolin, que está internado há 120 dias no Hospital das Clínicas, em São Paulo, mudará em breve da UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) para o quarto para evitar infecção, segundo sua mulher, Maria Laudicéia dos Santos.
- Os médicos me disseram que o monitoramento no quarto e na UTI é o mesmo, mas na UTI tem-se mais risco de contrair uma infecção. Ele está fazendo uma série de exames para poder sair com segurança. Eles são muito cuidadosos.
Já a assessoria de imprensa do hospital, o humorista saiu da UTI nesta segunda-feira (16). Ele continua em coma e seu estado de saúde ainda é grave, mas não precisa mais dos cuidados especiais que o local oferece.
O acidente
Francisco Jozenilton Veloso, o Shaolin, ficou gravemente ferido em um acidente na BR-230, na região de Mutirão, em Campina Grande (PB), no dia 18 de janeiro. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, o comediante dirigia no sentido São José da Mata quando um caminhão, que vinha na faixa oposta, invadiu a contramão e bateu contra o veículo do artista.
No dia 20 de janeiro, o motorista envolvido no acidente, Jobson Clemente Benício, de 23 anos, apresentou-se à delegacia da Polícia Rodoviária Federal da cidade paraibana. O inspetor responsável pela unidade ouviu o motorista que, em seguida, foi liberado.
Desde o acidente, já foram ouvidos policiais rodoviários federais; médicos do Samu, que prestaram os primeiros atendimentos ao humorista e pessoas da comunidade local, que presenciaram o ocorrido, segundo informou ao R7 o advogado da família de Shaolin, Rodrigo Felinto.
 

quinta-feira, 5 de maio de 2011

                                          Açude Orós já está sangrando.
                             Construído no Governo JK e
                            inaugurado em 1960
                                      A nova avenida Benjamin Constant, na cidade de Russas


                                                     Pedra da "Galinha Choca" em Quixadá
ZÉ DO CANÁRIO

Em Russas jamais existirá uma figura tão marcante no cenário da malandragem e da vadiagem como a do trambiqueiro Zé do Canário, com a sua extraordiária vocação de satirista galhofeiro e de salafrário brincalhão. Com todos os elementos e valores dos tipos mais inquestionáveis e hilariantes de expressão sardônica e sorriso fatídico,  notabilizou-se com raridade na índole dos mais imprevisíveis larápios e desvelados maganões de nossa terra natal. Ilusionista de jejuno, finíssimo batedor de carteira, endiabrado pescador de tarrafa, de anzol e grande caçador. Adorava chupar o polegar na rede à sombra do tamarineiro. Detestava o xilindró e o trabalho. Malandro, pegou piaba em garrafa, caçou traíra com lanterna, como caçador atirava nas galhinhas dos ribeirinhos do Araibu e dizia que eram nambus, despenou o Bigolô, o Tremendão e o Fonfom.  Afanou o fumo da Dudu do Patronato, o mealheiro de sua esposa Sidoca e a fantasia do mestre Joaquim da Cabocla. Afamado ladrão de galinha, de gaiola e tresmalho, gabava-se na pabulagem de um inimitável malandro e exímio jogador de baralho. – Zé, o que roubou ontem? – Os patacões de ouro do Dr. Estácio! O xexeiro de fuampa surrupiou os velhinhos do Funrural, as esmolas da igreja, e nas catacumbas, os dobrões debaixo da língua dos mortos. Prestigioso gatuno do bordel da Ceguinha. Canalha da troça e da molecagem. – Zé, o que vai roubar hoje? - O terço da velha Rosa e a hóstia do padre Valério! Malandro contador de lorota, filão de cigarro, subtraiu o boêmio Telha, a cafetina mãe Chiquinha e a corda que o sacristão Tonico repicou o sino da matriz. Mentiroso fluente, gaiato, cheio de cavilação, velho batedor de chocalho. - Zé, roubou hoje? - O galo do Vicente Leite e a bodega do Zé Ramalho! Viciado no jogo do bicho, na cachaça do Parente, emérito pinguço do Beco do João Vital. Incontestável ladrão de Judas, fabricante de cerol para empinar papagaio, roubou a merenda da cantina da dona Cléa, engabelou o Chico Réis, pachola aprontador de escangalho, canoeiro das caudalosas correntes do Jaguaribe. - Zé, vai afanar quem? - O Amaral do Coloral e a sanfona do Zé Bolinha! Pescador de mergulho profundo no riacho Araibu, roubou a tarrafa do João Buema, a funerária do Raimundo Maia, o apito do juiz Iran do Vale. Conhecido como o mais prestigioso caçador de rolinha, pescador de piranha, ladrão de espantalho, nunca pagou a cana do Barretão. - Zé, roubou nesta noite? - O beiju do seu Deco e a Moageira de Café do Macaibinha! Afanou os pastéis da Capistrana. Ladrão de roupas de defunto, marreteiro de estratos das prostitutas do Farol, quando vinha para Fortaleza e se hospedava na casa de seu irmão Antônio Louro, um dos maiores motreteiro do Mucuripe. - Zé do Canário, vai roubar o quê? - A cachaça do Alexandre Celedônio! Dançarino das gafieiras da coaça e do Forró do Pipiu. Tapeou o caipira do Vinte Um, trapaceou o bozó do Chico da Teté, burlou a roleta do Zé Lulu e engabelou o Cassino do Zeca Porto. Expurgou o Cabo  Guedes no salão de bilhar, roubou o Boca Rica, afanou o Zé do Ouro e a empresa Pacol. – Zé, já roubou hoje? - A mercearia do Neném Lopes! Com tapeação enganou o Antônio da Marta do Carrossel, roubou as fotos do Nêgo Leudo, enganou o Welser com urtiga,  dançou tuíste com Birita e limpou o Luis Pires no bar do Vicente Silva. Justifico o galardão desse ladravaz com expressão de louvor. Quem o conheceu, confirma sua história. Zé do Canário sempre dizia: “Os mortos são imortais.” E morreu atropelado quando pedalava um bicicleta roubada de marca Gulliver, em Fortaleza, defronte a Imprensa Oficial do Ceará, na Avenida Washington Soares. Perpetuando-se na história do interior do Estado como um dos maiores marreteiros de todos os tempos.

Airton Maranhão
                                                                      Advogado e Escritor                                                             Membro da Academia Russana de Cultura e Arte - ARCA
MAIS UM AMIGO QUE NOS DEIXA

A notícia da partida embora já aguardada de Francisco Rantzau de Souza entristeceu o nosso povo a sociedade em geral, e mui principalmente seus amigos que eram inúmeros, dentre os quais este cronista. Um homem que eu o admirava e considerava um sábio cidadão. Na roda que estivesse o papo evoluía divertido, leve e espirituoso, diante de suas excêntricas e bem-humoradas teses para encarar os problemas da vida. Esposo exemplar, pai extremoso, amigo leal e extremamente dedicado a tudo aquilo que se propunha a fazer. Russas, ele admirava e a dignificava.
É tanto que em nossa terra muito contribuiu para seu progresso, quer na criação, quer na construção das mais diferentes entidades existentes em Russas. O que me vem à mente: muito ajudou a Dr. Daltro Holanda na fundação e construção do Hospital de Russas, na Maternidade Divina Providência de Russas; criou ao lado de outros russanos a AACR, sendo um dos seus primeiros diretores; foi presidente do Lions Clube de Russas, foi Assistente do Governador do Rotary Club do Ceará e presidente do Rotary em Russas, um rotariano de 4 costados; foi professor da Escola Técnica de Comércio por vários anos, e por vários anos exerceu a função de notário público (Tabelião) do Cartório de 1º Ofício aqui na cidade. Além do mais, era desportista nato, sociável, ético e querido por todos. Vocês perceberam que citei uma pluralidade de virtudes que era possuidor, porém, a que mais chamava atenção era da caridade a certos preceitos cristãos, “a caridade é que nos leva a salvação”.
Meu padrinho, pelo seu comportamento correto e digno que sempre o norteou. Guiado pela mão de Deus, você se encontra no Reino da Paz; iluminado, feliz, onde ficará aguardando a chegada daqueles que tanto amou e tantos o amaram nessa vida; todos em cujos corações pairam a sombra de uma grande saudade.
Adeus padrinho, até por lá...
Didi Marreiro

ACEJI
PREITO A RANTZAU

* Jurandir Pascoal

                Por volta de 10h30min do dia 14 do mês de março, recebi pelo telefone uma notícia que abalou não somente a mim e meus familiares, mas a toda sociedade russana, além, claro, da família enlutada. É que acabava de transferir-se para o plano espiritual Francisco Rantzau Souza, o conhecidíssimo Rantzau do Cartório, como era tratado de modo carinhoso pela população da cidade onde viveu e constituiu sua educada e bem-sucedida família. Rantzau foi um cidadão que honrou a profissão de serventuário da Justiça, cujos cargos de Tabelião e Escrivão do Registro Civil de Pessoas Naturais, da Comarca de Russas, exerceu com proficiência e dignidade, mostrando-se bem humorado e solícito no atendimento ao público. O cuidado com as obrigações, o zelo e a ética profissional foram o apanágio de sua luta ao longo de mais de meio século de serviço cartorário. Era correto no seu mister, sem se achar importante. Era leal aos magistrados com quem trabalhou, sem, no entanto, ser subserviente. Deixa um legado exemplar a ser continuado por seu filho, também altamente qualificado. Deixa muita saudade aos amigos e concidadãos. Nossa homenagem a esse que considero, com o perdão de seus pares, um dos mais completos servidores com quem tive a honra de trabalhar, nas diversas comarcas onde exerci a judicatura, destacando a de Russas. Nossa solidariedade na dor de sua notável companheira de luta D. Luíza e dos filhos Carlos Eugênio, Carmem Helena e Tânia. Resta o conforto de crermos que ele foi bem acolhido na nova dimensão da vida que é eterna.


* Desembargador aposentado
Ex-Presidente do Tribunal de Justiça de Roraima
Ex-Juiz de Russas



JORNAL CORREIO DE RUSSAS

Quando um homem faz 70 anos é uma vida. Quando um jornal faz 70 anos, é uma epopéia. A felicidade toma conta do editor que vê o jornal fundado por Matoso Filho, chegar ao septuagésimo aniversário, sempre enfrentando as dificuldades que são peculiares ao jornal do interior.
Foi fundado, em 1941, com a missão de divulgar as mais variadas notícias de Russas, no campo político, administrativo e outros fatos relacionados com a sociedade.
Em 1966, resolvemos continuar editando o jornal.
De lá para cá sofremos algumas decepções, e guardamos como fatos corriqueiros na vida de qualquer empresa.
O grande homenageado é o fundador pela feliz idéia de dotar nossa cidade de um veículo de comunicação.
Graças aos nossos parceiros, assinantes e leitores, o Correio de Russas continua sua trajetória, com o mesmo propósito que norteou Matoso Filho na hora de colocar o jornal em circular.
Lutar pelo progresso de Russas e divulgar as notícias de interesse das comunas da Região Jaguaribana. AVANTE CORREIO DE RUSSAS!

Retrospectiva do ano de 1978

Retrospectiva do ano de 1978, publicada no Correio de Russas

JANEIRO

1. O Presidente Ernesto Geisel, em pronunciamento que fez a Nação afirmou esperar, com toda convicção , que um avanço próximo venha a se verificar no setor político, atendendo as aspirações gerais do aprimoramento de nossa democracia;
2. Encontra-se em estudos, no DNOCS, a perenização do Rio Jaguaribe, que além de possibilitar a regularização do Jaguaribe, evitará cheias que tantos prejuízos têm causado as regiões situadas no baixo e médio Jaguaribe;
3. A EBCT presta homenagem ao Padre Júlio Maria Lombaerde, com carimbo comemorativo ao seu centenário de nascimento;
4. A ACEJI realiza sua primeira reunião do ano, constando da pauta vários assuntos de interesse da entidade, entre os quais a construção da casa de veraneio na praia de majorlândia, em Aracati;
5. O redator desta folha visitou a vizinha cidade de Quixeré, mantendo cordial palestra com o Monsenhor Oliveira, que apesar de seus 70 janeiros, ainda continua à frente da Paróquia;
6. O Gerente da Agência local do Banco do Brasil, Sr. Raimar Holandda, acaba de distribuir pluviômetros com os agricultores de nossa região;
7. Foi celebrada missa em ação de graças pela formatura em medicina, do conterrâneo Zilzo Leandro Evangelista;
8. O presidente Ernesto Geisel anunciou, perante a Executiva da Arena, o nome do General João Figueiredo para seu sucessor.
FEVEREIRO
1. O filho de Russas Sr. Gerôncio Bezerra, decide postular uma cadeira na Assembléia Legislativa, iniciando contatos com amigos e familiares;
2. O preço da gasolina comum foi majorado para Cr$ 7,30 nas principais cidades do País. O aumento foi em torno de 26%;
3. O Correio de Russas, lança o slogan: "Gente nossa na Assembléia, para defender o que é nosso ;
4. Com as primeiras chuvas , nossas ruas ficaram alagas, evidenciando a falta de saneamento básico;
5. Os trabalhos de reforma da Igreja Matriz continuam em ritmo normal, esperando-se para breve a sua conclusão;
6. O colunista Wander de Alencar, em sua apreciada Coluna , diz que os dias de momo já se foram, mas não poderia deixar de comentar contristado o quanto tem caído o carnaval de rua de Russas, que há alguns anos, foi o melhor do interland cearense.
MARÇO
1. O professor Waldemar de Alcântara assumiu o Governo do Estado, em virtude do pedido de renúncia apresentado pelo Coronel Adauto Bezerra, para efeito de desincompatibilização
2. Assume a Comarca de Russas, o Dr. Lincoln Tavares Dantas, substituindo o Dr. Francisco da Rocha Victor;
3. O futuro Presidente João Figueiredo pede muita firmeza e união para alcançar a meta final;
4. O Correio de Russas, divulga o lema da Campanha da Fraternidade: "Trabalho e Justiça para Todos".
5. Volta a chover em nossa região, depois de vários dias da primeira chuva;
6. Continua sem definição o quadro sucessório estadual. Estão no páreo os ex-governadores Virgílio Távora e César Cals;
7. Russas contará, em breve, com Agência do Banco do Estado do Ceará (BEC), graças aos esforços do Deputado Jeová Costa Lima.
ABRIL
1. O pré candidato Virgílio Távora indica para vice governador, o deputado da Região Jaguaribana, Sr. Manuel de Castro Filho.
2. O casal Argemiro Torres Filho - Núbia Ramalho comemora Bodas de Prata com uma missa oficiada na Igreja do Cristo Rei, em Fortaleza;
3. A aposta mínima da Loteria Esportiva passa para Cr$ 10,00, representando um aumento de 100 por cento, já a partir do mês de julho;
4. As imagens da TV CEARÁ continuam precárias no interior do Estado;
5. O ex-prefeito Aurino Estácio de Sousa, um dos 10 melhores do Estado do Ceará, no ano de 1976, segundo a UCAPE, de São Paulo, recebendo cumprimentos dos amigos pela nova idade;
6. Faleceu, em Fortaleza, filho de Russas, Dr. José Simões dos Santos, tendo sido Prefeito de Limoeiro do Norte. Foi um dos fundadores do Rotary daquela cidade e deputado estadual no ano de 1963;
JUNHO

1. Foi eleito para presidir o Conselho Diretor do Rotary Clube de Russas, o Dr. Renê Pedregal Fernandez;
2. Foi das mais animados a festa de São João na Roça, promovida pela AABB, que tem na presidência o bancário Benedito Gonçalves Leite;
3. Das mais oportunas a pesquisa feita pelos jovens russanos, publicada na edição deste mês, e daí a pergunta do jornal: "Quando conseguiremos tudo que está consignado nessa pesquisa ? ";
7. Dom José Terceiro de Sousa, que foi vigário desta Paróquia, completando 30 anos de ordenação sacerdotal;
8. O Correio de Russas, registra a precariedade da iluminação pública, e que a iluminação a vapor de mercúrio, aos poucos vem sendo substituída por lâmpadas comuns;
JULHO

1. A família do enfermeiro Raimundo Róseo de Oliveira manda celebrar missa pelo primeiro aniversário de seu falecimento;
2. O redator do Correio de Russas - Horácio Matoso - compareceu ao programa Progresso Cultura, da Rádio Progresso de Russas, sob o comando de Híder Albuquerque, ocasião em que relatou as dificuldades que vem enfrentando a imprensa interiorana, de modo particular o jornal "Correio de Russas";
3. A COERBA comemora o Dia Internacional do Cooperativismo. À frente das comemorações o gerente Luís Astrogildo;
AGOSTO
1. A perenização do "maior rio seco do mundo"- o rio Jaguaribe - será tema de debate no Congresso Nacional;
2. Recebendo cumprimentos dos amigos o conterrâneo Joab Rodrigues de Santiago, residente em São Paulo, e aqui se encontra em gozo de férias. Joab é o autor dos versos dedicados "A Mãe Preta".;
3. As ruas da cidade ficam alagadas, o que não é novidade, sempre no período de inverno. Não se sabe até quando a população terá que enfrentar este sério problema.



COBRANÇA

O Jornal Correio de Russas, edição do dia 15 de janeiro de 1943, publicou o seguinte aviso:

De$ejamo$ chamar a atenção $obre um a$$unto de $uma importância, que $e refere a muito$ do$ no$$o$ a$$inante$.
Muito$ dele$ $ó fazem prome$$a$ que no fim não cumprem, e como $omo$ muito mode$to$, nos ab$temo$ de mencionar que$tõe$ de dinheiro.





Palavras do Prefeito

"Envidarei todos os meus esforços para que Russas seja sempre uma cidade onde se possa respirar um ambiente de vida saudável, de trabalho e harmonia.
Com os meus companheiros de administração, prometemos ao povo russano ordem, paz e prosperidade.
Manuel Matoso Filho - Prefeito Municipal. 26/03/1942".


Fórum Rotário

Realizou-se na residência do rotariano José Rodrigues Martins, Instrutor do Tiro de Guerra, o Fórum Rotário promovido pelo Rotary Clube de Russas, sob a coordenação do ex-presidente Horácio Matoso, o qual contou com as presenças do atual presidente José Arimatéia Mendonça, dos ex-presidentes José Fábio Ramalho e Antonio Eduval e demais rotarianos.
Na abertura dos trabalhos, o aniversariante do dia, José Rodrigues Martins, foi saudado pelo rotariano Horácio Matoso, que após ressaltar as suas qualidades de excelente companheiro, passou as suas mãos uma lembrança.
A seguir foi lida a programação da Assembléia Seccional de Mossoró -RN que, nos dias 14 e 15 do corrente, reunirá os clubes rotários do Ceará e Rio Grande do Norte.
O fórum, propriamente dito, seguiu-se com uma série de perguntas e respostas sobre Rotary, dando-se ênfase a Avenida de Serviços Internos.
O primeiro Fórum Rotário realizado pelo Clube de Russas acusou uma freqüência de 86,92%, alcançando os seus verdadeiros objetivos.
Ao final do encontro, o aniversariante agradeceu a homenagem prestada por seus companheiros, e ofereceu comes-e-bebes aos presente.

CR 15/06/1975.

Praça de cara nova

A terra de Dom Lino, acaba de receber da administração Weber Araújo, a nova Praça Monsenhor João Luís, que passou por uma grande reforma, com recursos provenientes da EMBRATUR.
A praça recebeu os seguintes melhoramentos: - iluminação moderna; novos bancos, arborização, piso em pedra tipo portuguesa, quiosques e fonte luminosa.
Foram restaurados a Coluna da Hora, a imagem do Cristo Redentor, o Obelisco - marco comemorativo dos 119 anos de fundação da VILA, e o busto do homenageado.
A praça, cuja construção foi iniciada em 1930, somente foi concluída na administração do Dr. Ezequiel Menezes, no ano de 1933, recebendo a denominação de Juarez Távora e, posteriormente de Monsenhor João Luís.
De lá para cá, sofreu as seguintes reformas:
Administração Matoso Filho, em 1940 e na gestão do Sr. Aurino Estácio de Sousa, em 1974.
Passa a ser, portanto, o Cartão de Visita da cidade.


Nossa homenagem

Faleceu, recentemente, a poetisa Valdiva Viana Cordeiro, assídua colaboradora do jornal Correio de Russas, a quem prestamos a nossa homenagem, publicando o trabalho de sua autoria:


Janelinha da Vida
A gente se debruça na janelinha da vida
Para olhar a imensidão do infinito !
E se ver no afã de uma continuada lida
Dentro deste universo tão bonito !!!

Diante de nós se passam tudo em revista !
A recordação do passado... e a beleza do presente ...
O futuro se mostra numa belíssima vista !
E a alma nessa contemplação se sente contente !

Feliz, encara a importância do verdadeiro amor.
Enlevada, agradecer ao seu Divino Criador...
Em efusivos cânticos de louvor !

Permanecendo, assim, presa à janelinha da vida...
Se sente a felicidade de uma existência bem florida !
Ali, ficamos, também pensando no dia de ir para a Pátria Celestial prometida.


Festa da Padroeira

A festa da Padroeira de Russas - Nossa Senhora do Rosário, a princípio era realizada no dia 6 de janeiro, juntamente a festa dos Reis Magos.
Posteriormente, por recomendação de Dom Manuel da Silva Gomes, Arcebispo Metropolitano, passou a ser festejada no dia 26 de outubro.
As festas tornaram-se famosas pelo brilhantismo com que eram revestidas, principalmente, pela tradicional procissão da imagem pelas principais ruas da cidade.
Todas essas festas foram bastante animadas, merecendo destaque a realizada no ano de 1947, quando Amor Perfeito e Vitória Régia, disputaram à preferência da população, visando eleger a sua Rainha.
As duas barracas tiveram como patronos, pelo Amor Perfeito - Manuel Matoso Filho e pela barraca da Vitória Régia, o coronel João de Deus, representando os partidos políticos, PSD e UDN, respectivamente.
A barraca do Amor Perfeito saiu vitoriosa, pois, conseguiu reunir maior quantidade de votos, elegendo, assim, a sua Rainha.
O Amor Perfeito empolgou os simpatizantes, com a modinha:
É, é amor perfeito, / E se não é pode virar / Que dá prazer / O nosso bloco abafa mesmo / A qualquer outro / Estamos loucos / Para vencer... / Amor perfeito / É um bloco forte / Sempre há de ser...




Promessa que vem desde 1894

Como a esperança é a última que morre, espero chegar o dia de lavar as mãos nas águas do Tocantins e do São Francisco, que o ministro Fernando Bezerra volta a garantir trazê-las até o Ceará.
Uma garantia que já ouvi de sucessivos governos, não, desde 1894, mas de certos anos para cá.

Torna-se difícil enumerar quantas promessas já foram feitas com relação a transposição das águas do " velho chico", para perenizar o nosso rio Jaguaribe.
Com a perenização do Rio Jaguaribe, o seu afluente, Riacho a Araibu, proporcionará benefícios a cidade cearense de Russas.
Sabe-se que desde o ano de 1894, mais de um século, essa promessa vem sendo feita.
O Ministro Fernando Bezerra, do Governo FHC, promete que agora é pra valer.
Será ?



Perdi minha vida

No mês de novembro do ano de 1952, um caminhão parou numa das oficinas mecânicas da Coronel Araújo Lima, certamente para providenciar algum conserto.
Na carroçaria do veículo estava amarrado um rapaz, aparentando 25 anos, que sofria das faculdades mentais.
Esse rapaz gritava incessantemente : Perdi minha vida
O estado de desespero do rapaz causava piedade aos que por ali transitavam.
Essas palavras provocaram em mim uma certa compaixão, e durante alguns dias, passei a meditar sobre o que acabava de observar.
Durante todo o tempo em que o veículo permaneceu no conserto, o jovem não parava de gritar: perdi minha vida.
Na realidade essas palavras tinham a sua razão de ser, pois, esse jovem estava sendo afastado da sociedade para conviver num asilo, com pessoas, também, portadoras dessa doença.
Fiquei, então, a meditar quantos jovens, chegam a esse estado, que a medicina ainda não conseguiu remédio para a cura.
Aqui mesmo nesta cidade, tem-se o exemplo: jovens, que não se sabe, se por estudarem demais, ou problemas outros, o certo é que ficaram incapacitados para o trabalho e para os estudos.
Essa é mais uma narrativa do que presenciei em minha juventude.




Fazendo papel de foragido...

Na minha juventude, quando fazia, provavelmente, a primeira viagem a Capital do Estado, viajei num caminhão que tinha a cabina de aço.
Esse tipo de veículo só transportava mais uma pessoa além do motorista.
Como não era permitido mais de duas pessoas, e como eu viajava na condição de terceiro passageiro, teria que, ao passar pelas cancelas, ficar agachado, a fim de evitar multa.
Nessas ocasiões o motorista, ainda brincava: Horácio finja que é o Luís Carlos Prestes !
Guardo ainda como lembrança ter assistido, em Fortaleza, pela vez primeira o desfile dos blocos maracatus e outros.
Outro fato que me chamou à atenção foi o desfile dos blocos dos sujos, ali na avenida Duque de Caxias. Nesse desfile tinha cada figura esquisita, que só vendo.
Entre os figurantes, consegui reconhecer um russano, que além de trajado à rigor, havia ingerido algumas doses da branquinha, fazendo o seu carnaval particular.



O guarda da malária

Este fato ocorreu lá pela década de 40, quando surgiram os primeiros casos de malária aqui no Ceará, o que obrigou o Governo a tomar imediatas providência, para evitar que a doença se alastrasse rapidamente.
Foi, então, criado um Órgão encarregado de dar combate ao inseto transmissor da doença.
Surgiram, em conseqüência os guardas da malária, que passaram a visitar as residência, tanto na cidade como na zona rural, realizando um serviço de detetização.
Passaram, então, a surgirem comentários sobre o comportamento desses agentes, já que tendo acesso a interior das residências, tinha oportunidade de observar as moças bonitas, e ficavam de olho.
Comenta-se que alguns deles chegaram a roubar donzelas inexperientes, e posteriormente devolviam aos respectivos pais.
Teve um desses pais que, possuindo veia poética, elaborou os seguintes versos:


Quem tiver moça bonita
Guarde dentro do baú
Porque os guardas da malária
Têm os olhos de cururu.

Isto claro, guardadas as exceções, pois, cheguei a conhecer vários deles, possuidores de um bom relacionamento social e de conduta ilibada.