domingo, 20 de maio de 2012

Olhando Para ao Sertão 

José Gusmão Bastos 
(ACI e ACEJI)

O CEARÁ tem 426 milhões e 05 mil reais para ações contra a seca  palavras e cifras do governador Cid Gomes estampadas em manchetes dos jornais da capital há poucos dias. A verba, aparentemente vultosa, proveniente do Ministério da Integração Nacional e do Fundo Estadual de Desenvolvimento da Agricultura Familiar (FEDAF), visa beneficiar 800 famílias com kits de irrigação para quintais produtivos, cisternas de variados tipos e o pagamento antecipado da primeira parcela do projeto Garantia Safra, para os que tiveram os plantios perdidos.
NADA CONTRA, ao contrário, tudo a favor de planos e promessas de ajuda aos sofridos conterrâneos. Contudo, serão cumpridos em sua totalidade, ou o cancro da corrupção enraizado nos meios políticos-empresariais continuará crescendo à custa dos humildes eleitores? A indagação faz sentido, e o próprio chefe do executivo cearense manifesta temor na entrevista: “Vamos evitar desvios dos recursos e fazer com que o dinheiro seja aplicado da melhor forma e o mais rápido possível”. Cabe a ele, em especial, cuidar da res pública.
OS LEITORES devem lembrar-se, pois já fizemos alguns comentários nesta coluna, que a estiagem era por nós debatida desde o início da década de cinquenta, através de Olhando para o sertão publicada nos jornais da época, Correio do Ceará e Unitário (extintos em 1981), e por colegas noutros veículos da imprensa. A nossa luta continuou pelo Diário do Nordeste, de 1982 até final de 1986, e hoje continuamos debatendo o mesmo problema no Correio de Russas.
EM SÍNTESE: não se pode deixar de reconhecer o esforço dos governantes em quererem, ao menos, amenizar a situação dos que habitam nossos sertões. Vários municípios de todo o Nordeste têm decretado estado de calamidade pública face à seca, o que  não custa repetir  repete-se sistematicamente, numa média de cinco-sete anos entre dez. Todos sabem disso. No entanto, os planos de combate às tragédias, aí incluídas também as das inundações que vez por outra atingem até com maior perda de vidas, somente saem dos birôs dos ministérios e secretarias nas proximidades das eleições. A par disso, continuam rodando os carros-pipa há mais de meio século (de registro na imprensa); e os jumentos ainda conduzindo o líquido em latas no lombo, até que os asiáticos comprem os que nos restam.
AFINAL, a transposição das águas do rio São Francisco e o consequente uso chegando a todos os lares, têm as obras seguidamente suspensas face ao desvio das verbas, levando-nos assim à triste conclusão do que não passaram de mais um canto de sereia com viso eleitoreiro. As águas do Velho Chico continuam correndo para o mar, como a conhecida canção...

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