sexta-feira, 20 de maio de 2011

OLHANDO PARA O SERTÃO



                                                J. Gusmão Bastos - Jornalista (ACI e Aceji)



“DIA DAS MÃES aquece o comércio”, e semelhantes manchetes veiculadas nesta época do ano pelos meios de comunicação, óbvio é que não têm o objetivo de incentivar o amor filial, mas o de incrementar através da publicidade a compra de presentes para as homenageadas. As “chamadas” dos jornais poderiam ter outra conotação, no sentido dos filhos pedirem a benção das mamães, beijarem-se e abraçarem-se, rogando eles que perdoassem as grosserias e os maus tratos que, sinceramente arrependidos, não mais repetiriam. Joias, perfumes, vestidos, rosas e flores são bens materiais, insignificantes ante o acendrado amor materno( e paterno), mantido mesmo a duras penas.
                        MATÉRIAS, outras nos chamaram a atenção nesta primeira quinzena de maio/2011. Embora anunciado para 2014 o término das obras da transposição das águas do Rio São Francisco, já começaram os investimentos nas áreas dos vizinhos estados do Rio Grande do Norte e da Paraíba(Pernambuco e Ceará logo seguirão o “exemplo”). “Metrópoles do futuro surgem em terras sertanejas”, é o título de uma das entrevistas que bem representa a argúcia de empresários e políticos, em mui antecipadamente adquirirem terras dos pequenos agricultores a preço vil. Aos pais e mães que suaram para mantê-las, restará despedir-se “olhando a banda (o rio) passar”e a panela sem um peixe....
                        A PROPÓSITO, vem-nos à mente a greve de fome empreendida por um sacerdote que temia não fossem beneficiados os humildes proprietários situados às margens, ou nas proximidades, dos futuros canais de irrigação. Não era contrário à “obra do século”, nem ninguém de sã consciência seria, a não ser os políticos de plantão para angariar votos, uns a favor, outros contra. As ideias do religioso, incrementadas com sua manifestação de morrer sem alimentar-se, foram derrotadas. Conforme havia denunciado, comprovado ficou com “as terras sertanejas” já compradas, sendo transformadas em celeiros dos que têm o poder, e condições, de manusear nossos impostos em benefício próprio.
                        OS LEITORES que tenham saído de suas residências na véspera ou no Dia das Mães terão, como de resto em todos os dias dos anos, se deparado com mulheres grávidas a esmolar, arrodeadas de crianças ou dando-lhes de mamar; flanelinhas, e outros garotos a aperrearem  por “um real; “prostitutas” a se oferecerem em quaisquer lugares nesta “Fortaleza Bela”(?), ou já contratadas pelos turistas tratados “a pão de ló” e os fortalezenses “à tapioca”. Que reação tiveram? Imagino nenhuma...
                        RESTA-NOS, então, desejar a todas as mães não somente um dia feliz, mas todos os dias do ano e da vida, confiantes em que as mais prendadas ajudem as menos dotadas, e tenham a compreensão e o afeto de seus descendentes, a benção e a proteção de Deus, Pai de todos nós, cristãos e não cristãos.

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