sexta-feira, 20 de maio de 2011

UMA CHINA DIFERENTE


Se o leitor, ao ouvir falar da China, pensa nos anos sombrios do comunismo, de pessoas infelizes e roupas cinzentas, esqueça.
A China de hoje é completamente distinta daquela de nosso imaginário, pintado pelo Ocidente com tintas muito carregadas.
Recentemente, estive por lá, ocasião em que visitei Pequim (Beijing), Xian (primeira capital da China unificada), Guilin e Shangai.
Confesso que atuei mais como viajante observador que como turista casual.
Diante do que vi, fiquei, seriamente, impressionado com o grau de desenvolvimento e organização daquele país.
A capital, Pequim, é ddade grandiosa, com 16 milhões de habitantes, número impressionante se considerarmos os 11 milhões de São Paulo. Já conta com 06 anéis viários — estando em andamento o sétimo — contornando a cidade, a fim de facilitar o trânsito. Suas avenidas são largas, com 05 faixas, em cada sentido, mais uma destinada a motos e bicicletas, margeadas por amplas calçadas e túneis, utilizados pelos pedestres que desejem cruzá-las. Os semáforos são raridade: nos cruzamentos, quando o fluxo da via principal passa por baixo, o outro vai por cima, de sorte a manter o trânsito em movimento. O tráfego flui com certa facilidade, em uma velocidade constante de 30 a 40 km/h, e, dificilmente, vêem-se congestionamentos, diversamente de nossos grandes centros urbanos. Os caminhões têm horários próprios para a sua circulação: das OOh às 05 h da manhã. Os veículos são, em sua maioria, novos. Viadutos, como obras de arte da engenharia, são protegidos de danos por estruturas metálicas que os antecedem em alguns metros, impedindo, assim, que veículos de altura superior a deles cheguem a danificá-los. A cidade é rigorosamente limpa e não há sequer vestígios de pichaçõe& No entanto, no inverno e na primavera, sofre inversões térmicas, que contribuem para acentuar a poluição do ar, além da fina poeira proveniente do deserto de Gobi, ao norte, que depois de vagar por mais de 20 países do Oriente, Europa e África, vem repousar na costa oriental do Atlântico, recebendo, em sua parte final, a denominação de Saara.
A pouca distância de Pequim, cerca de 50 km, já é possível visitar a grande muralha da China. Muitos trechos foram recuperados e contam com boa estrutura de acesso ao turista, que lá dispõe de teleférico, além de hotéis e restaurantes em suas proximidades.
Xian e Guilin não são diferentes: o progresso, o padrão de vida e a satisfação do povo são visíveis. A primeira alberga os famosos guerreiros de terracota, uma das maravilhas do mundo antigo. A segunda impressiona pela beleza natural de seu entorno, com magníficas formações rochosas, formando vales de rios navegáveis, com imensas plantações de arroz em suas margens.
Shangai, por ser o centro financeiro e de grandes negócios, tem o custo de vida ainda mais elevado. Enquanto no Brasil, o governo incentivou a aquisição de veículos, com isenção de IPI, tentando amenizar a crise econômica, sobretudo para o setor automobilístico, sem pensar nos transtornos decorrentes da falta de vias para a nova frota, com esgotamento das existentes, além do aumento da poluição, lá, a situação é inversa: o governo tenta evitar o aumento do número de veículos em circulação, elevando o valor do licenciamento dos automóveis, que chega à cifra de cinco mil euros por veículo (algo em torno de R$ 15.000,00). Também, passaram a adotar motocicletas elétricas, na tentativa de reduzir a emissão de gases na atmosfera. Os viadutos já têm três pavimentos superpostos, que facilitam o escoamento do pesado trânsito. A cidade tem os terrenos mais caros da China continental: o metro quadrado na área urbana custa uma fortuna.
A infra-estrutura chinesa turística é impecável: os habitantes têm o prazer de oferecer ao visitante o melhor do país e nos tratam com muito zelo e carinho, sempre sorrindo e dispostos a ajudar, como a dizerem ao mundo: “venham nos visitar,que estamos de braços abertos para recebê-los”.
Outro fato que me chamou a atenção foi a inexistência de camelôs, raríssimos pedintes e nenhuma criança abandonada a vagar nas ruas ou a pedir qualquer coisa. Também, andam sempre bem vestidos.
Ainda adotam a política do controle de natalidade: são permitidos aos casais, em geral, apenas um filho e, se este for mulher, um outro. Poderão, entretanto, ter outros, se o desejarem, mas, neste caso, terão de pagar uma multa equivalente a 3 a 5 vezes o salário- mínimo anual, além de serem tributados a mais no imposto de renda.
Também, só os funcionários públicos gozam da aposentadoria estatal. Os demais devem poupar para a velhice ou contar com os filhos para sustentá-los.
No tópico gastronômico, a China demonstra um requinte e diversificação incomuns: o famoso pato laqueado, as tentadoras sopas, a diversificação e excelente qualidade das massas (afinal ali surgiu o macarrão, que foi levado por Marco Polo para a Itália e, de lá, para o mundo), e os bem elaborados doces. Também produzem boa cerveja e saborosos licores. A idéia de insetos e carnes exóticas, na alimentação, está mais para o passado e o folclore turístico.
Reverenciam Mao Tsé-Tung como o grande timoneiro, que conduziu à China ao desenvolvimento: seu corpo embalsamado é reverenciado em seu mausoléu, no meio da Praça da Paz Celestial, a maior do mundo, onde é comum se ver uma enorme quantidade de visitantes, em filas quilométricas, nos finais de semana e feriados nacionais. Sua imagem está presente em todas as cédulas do país.
Os chineses estão a descobrir seu próprio país: é comum vermos ondas imensas deles, sobretudo camponeses mais idosos, muitos em trajes tradicionais, visitando outras cidades, em grupo organizado, esbanjando alegria.
Usual, também, vermos nas praças, diariamente, idosos se exercitando com música, leques e bastões, segredo da longevidade daquele povo.
Como disse, no início, são novos tempos que se revelam e fazem os olhos do mundo se voltarem para a China, um país que está, rapidamente, alçando-se como a maior economia global.
Por limério Moreira da Rocha.

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